exercício em dupla: conjugar numa mesma cena duas personagens criadas individualmente
por Susana Martins e António Bettencourt
Freddy circula na sua Harley, atraindo a atenção dos transeuntes, devido à trovoada sonora produzida pelo motor americano de 1200cc.
Um corte temporário numa estrada principal fá-lo tomar um desvio por uma zona residencial. Freddy desce a rua, observando os velhos a jogar dominó à porta do café. Abranda, ri-se e diz-lhes: “Born to be wild”!.
Os velhos olham para ele espantados e nada respondem.
Quando olha para a frente vê uma galinha atravessada no meio da estrada, entretida a picar beatas do chão. O riso transforma-se em pânico momentâneo, acompanhado por uma travagem brusca e perigosa.
por Susana Martins e António Bettencourt
Freddy circula na sua Harley, atraindo a atenção dos transeuntes, devido à trovoada sonora produzida pelo motor americano de 1200cc.
Um corte temporário numa estrada principal fá-lo tomar um desvio por uma zona residencial. Freddy desce a rua, observando os velhos a jogar dominó à porta do café. Abranda, ri-se e diz-lhes: “Born to be wild”!.
Os velhos olham para ele espantados e nada respondem.
Quando olha para a frente vê uma galinha atravessada no meio da estrada, entretida a picar beatas do chão. O riso transforma-se em pânico momentâneo, acompanhado por uma travagem brusca e perigosa.
Freddy pára a centímetros da galinha, que se assusta e lhe salta para cima, agarrando-se ao seu capacete preto, estilo penico.
Freddy: Foda-se! Qu'é esta merda?
Maria: Gina! Gina! Anda cá!
Freddy (espantado): Este bicho é seu?
Maria: É sim. Peço desculpa, fugiu-me. É uma marota!
Freddy: Mas você é maluca? As galinhas são para comer, não são para andar na rua!
Maria: Caro amigo, cada um dá o uso que quer às galinhas! Se você as come é lá consigo! Eu não o vou criticar por isso!
Gina, anda cá!
(a galinha salta de cima da cabeça do Freddy para os braços da Maria)
(Freddy retira o capacete)
Freddy: Já viu o que é que o raio da galinha me fez ao capacete? Está todo cagado!
Maria (rindo): É adubo meu amigo! 100% natural! Não tem plantas em casa? Aproveite que vai ver que elas crescem mais bonitas!
Freddy: Deve achar que me cresce uma árvore na cabeça! A senhora precisa claramente de ajuda.
Maria: Tem toda a razão, e é você que me vai ajudar. Ora pegue lá aí na minha Gina.
(Maria tenta entregar a galinha a Freddy, que a afasta enojado)
Freddy: Tire-me daqui o animal! Ainda apanho alguma doença!
Maria: Oh amigo, era só para eu voltar a prender o cordel na menina, para ela não fugir.
(Freddy pega na galinha com a ponta dos dedos, com um ar visivelmente nauseado)
Freddy: Ok, o que for preciso para esse bicho ficar longe de mim...!
(Maria reata cuidadosamente o cordel ao pescoço da galinha)
Maria (ironizando): Muito obrigada cavalheiro.
Freddy: Por acaso até me dava jeito uma galinha.
Maria: A sério? Para quê?
Freddy: Já ouviu falar dos “Cordeiros do Pecado”?
Maria: Hum... penso que não.
Freddy: É uma comunidade onde se juntam todos aqueles que a sociedade renegou. Defendemos causas maiores, que transcendem as banalidades do homem comum.
(Freddy entrega um cartão a Maria)
Maria (intrigada): Hum... parece ser interessante. Mas precisa da galinha para quê?
Freddy: Vamos realizar uma cerimónia espiritual para purificar almas pecadoras que a sociedade colocou à margem devido aos seus ideais políticos e religiosos.
Maria: E a minha galinha onde é que entra nessa história??
Freddy (sorrindo): Não se preocupe com isso, apareça lá e traga a galinha!
(Freddy acelera, faz barulho e desaparece numa nuvem de fumo)
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