exercício das 5 palavras obrigatórias~
“Que dor da cabeça filha da mãe!”
Acordou com o que devia ser a pior ressaca que alguma vez tivera, e este foi o primeiro pensamento que lhe ocorreu.
Lançou um assobio. Pareceu-lhe natural, da forma como a boca lhe sabia a papel de música. Tinha provado uma vez, só para confirmar a veracidade da frase.
O assobio, por sua vez, trouxe de arrasto a areia que tinha nos lábios. E no resto do corpo. O que também era natural, uma vez que estava deitado na praia, a julgar pelo que sentia à sua volta.
O sol fazia-lhe arder os olhos. Nem queria imaginar como seria quando os abrisse.
Tinha ainda a roupa. “O blusão!” Virou-se e viu o bolso. Vazio! “A carteira, os documentos, o dinheiro. Merda, até o tabaco!” Já nada era sagrado!
Bem, vamos lá abrir os olhos. Devagarinho... Primeiro o dir... “Ena caraças! Mesmo de frente!” Virou-se para o outro lado.
Ao fazê-lo, sentiu uma dor na perna, na zona da rótula. Abriu os olhos, desta vez com mais sucesso. Tinha a perna direita das calças cortada, e na perna uma marca, aparentemente a ferro quente. A frase “Fumar Mata!”
Não se lembrava de nada. Como sempre. Já deviam andar a espalhar a história pelo bairro. Como sempre. Mas nunca mais os seus lábios lhe tocariam. Iria mudar a sua alcunha para aquelas alcoviteiras de alcagoitas lá do bairro.
“Acabou-se de vez o tabaco.”
Paulo Caetano
Sem comentários:
Enviar um comentário